A ERUDIÇÃO DA MALDADE
UMA HISTÓRIA DE ASSÉDIO SEXUAL
Há quem diga que a violência, travestida, ocultada, muitas vezes gémea da maldade, tornada invisível pela incapacidade de a dizer e a de a enfrentar, uma vez descoberta, deve ser narrada sem rodeios.
Numa cidade britânica, uma jovem mulher portuguesa desempenha as funções de leitora de português numa universidade. Aí, trabalha com um professor português, seu supervisor também, com quem planeia redigir e defender um doutoramento em Letras, que lhe permitirá ingressar no ensino superior em Portugal.
Esta relação de trabalho vem a revelar-se um jogo de espelhos, ao pôr em evidência episódios de assédio sexual e moral, que levarão a uma progressiva retracção profissional e, até, já de regresso a Portugal, à expulsão da profissão.
“Estas questões do assédio estão intimamente relacionadas com as questões do poder e é isso que este livro mostra muito bem. Por isso, recomendo com entusiasmo”
João Miguel Tavares; Programa Cujo Nome Estamos Legalmente Impedidos de Dizer.
DETALHES SOBRE A ERUDIÇÃO DA MALDADE
SOBRE A ESCRITA
Num tom desassombrado e, por vezes, meramente factual, esta história é narrada pela protagonista numa primeira parte. Numa segunda, é o abusador que toma a palavra, explicando-se. Numa terceira parte, sob a forma de uma carta ou email anónimo, uma antiga colega da protagonista comenta os factos de modo hostil e nada solidário em relação à situação de abuso sobre a qual circulam rumores.
A primeira parte, marcadamente autobiográfica, está dividida em três capítulos, que correspondem, grosso modo e respectivamente, ao antes, durante e depois da estadia na cidade britânica. A segunda e a terceira partes são puramente ficcionadas.
É uma narrativa que explora temas e cenários variados, não se esgotando na questão do abuso em ambiente académico. Por esta razão, converge com o movimento #MeToo e, ao concretizar situações e personagens, torna-a específica de um determinado contexto cultural e social, que é abordado a partir de vários pontos de vista.