O AZUL DESERTO DA TARDE
ROMANCE
Estamos suspensos na imprecisão do espaço.As personagens, definidas por marcas de uma só insólita ausência, são um companheiro de uma viagem estranha.
A «tarde» do título é já noite no início do livro, indício da narração em flash-back de um crime – não se sabe qual, nem por que personagens é protagonizado.
O azul surge como definitivamente passado com o suicídio de Jaime, a quem encantava o final da tarde, O deserto presente é povoado por imagens do passado, presas no vídeo.
O cartaz de Paris, Texas, que Vera retira da parede do quarto de Jaime, já morto, denuncia o carácter migratório do discurso, percurso de estradas, passagem por lugares impessoais.
Presos, desde o primeiro momento por ingredientes de suspense, agarrados pela precipitação das frases, somos facilmente seduzidos pela fluência do discurso, apressado, ágil.
Prémio de Revelação de Ficção de 1987 da A.P.E. / I.P.L.L.